quinta-feira, 28 de abril de 2011

Uma voz profética que se calou - Sobre David Wilkerson

Conheci David Wilkerson por meio de seus livros. Sua obra "A CRUZ E O PUNHAL" foi minha primeira leitura após minha conversão. Tocou em mim profundamente, entendi aspectos do evangelho que ainda não conhecia.
O seu ministério, absolutamente original na época (final da década de 50 no EUA), voltou-se para os jovens e seus problemas com drogas, violência, gangs de rua etc. No seu tempo, ninguém se importava com eles. Surgia o Desafio Jovem, imitado depois em vários países do mundo, inclusive no Brasil.
Tornou-se, desde então, um profeta para a Igreja, tendo sua voz proclamado a verdade do evangelho simples e  transformador em vários países.
No vídeo postado abaixo podemos ter uma idéia do seu ministério; quantos pastores hoje choram pela Igreja como ele chorou?
Estou muito triste, uma luz se apagou...minha voz está embargada de saudade dele e de irmãos queridos que conviveram comigo e se foram, levados pela vida ou pela morte. Dolorosa nostalgia de um tempo de inocência, de um evangelho vivido "nas escolas, nas ruas, nos campos e construções".
Jesus, me perdoe mas estou muito triste e tenho um aperto no peito e lágrimas muito amargas no rosto.

Luciano Oliveira

David Wilkerson - 19/05/1931 - 27/04/2011 †

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Comunidade que surge no momento da dor.

Eugene Peterson

"Um dos nossos objetivos era desenvolver uma comunidade espiritual na nova Igreja onde chegamos. Achei que seria muito fácil: convidaríamos essas pessoas para virem a nossa casa, oraríamos juntos, cantaríamos alguns hinos e chegaríamos lá. Bem, simplesmente não aconteceu. Então uma mulher jovem de nossa congregação morreu de câncer. Tinha 31 anos de idade e seis filhos. Perto de um mês depois que ela morreu, o pai foi demitido do trabalho e depois perdeu sua casa. Levamos aquelas crianças para nossa casa. De repente, as coisas começaram a acontecer. Comida era deixada na soleira da porta; as pessoas ligavam, levavam as crianças para sair e as recebiam em suas casas. Era quase como se tivéssemos chegado a um lugar de crítica confusão. Então simplesmente explodiu, e de repente tínhamos uma comunidade na congregação. E continuou assim. A hospitalidade aumentou, e as pessoas passaram a se interessar umas pelas outras. Parecia quase um milagre, e só foi preciso um único incidente para servir de gatilho. Todas as nossas tentativas anteriores de criar comunidade agora davam fruto por termos atendido a uma necessidade que não fazia parte de nossa estratégia."

Peterson, E. Espiritualidade Subversiva, SP, Mundo Cristão, 2009

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tv Justiça -Outro passo para quem quer mudança.


A TV Justiça é um canal de televisão público, de caráter não-lucrativo, coordenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Sua principal finalidade?
Ser um espaço de comunicação e aproximação entre os cidadãos e o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Advocacia.

A  proposta é possibilitar que o público acompanhe o dia-a-dia do Judiciário, ensinando as pessoas a alcançar a Justiça e como defender seus direitos. A TV Justiça trabalha na perspectiva de informar, esclarecer e ampliar o acesso à Justiça, buscando tornar transparentes suas ações e decisões.

Os  programas têm caráter didático e empregam uma linguagem clara, ágil, confiável e contextualizada. Por meio da transmissão de julgamentos, programas de debates, seminários ou conferências, enfrentam o desafio de traduzir a linguagem especializada do Direito para o público leigo, relacionando fatos e notícias com o cotidiano. Realizam uma cobertura jornalística prolongada, profunda e variada, para evitar que temas importantes e complexos sejam abandonados ou tratados de forma superficial.

Ao tratar os temas de forma mais profunda e diversificada, a TV Justiça, ao contrário dos noticiários de tv aberta, objetiva evitar o sentimento de impunidade, de confusão ou mesmo de desinformação  acerca das questões de notório interesse público, como cidadania, direitos e deveres.

Assista gratuitamente através do site:


Basta clicar em "assista on line" (canto superior direito). 

Igualmente poderá fazer download dos seus programas preferidos. Há todo tipo de informação que auxilia não só os operadores do direito, mas a sociedade como um todo.

Uma Igreja desiludida. Que bom!!!

Osmar Gomes

Já li muitas definições sobre pós-modernidade. Digamos que a que mais me tocou foi a de que a modernidade não foi suficiente para atender os anseios mais profundos da alma humana. O avanço tremendo da ciência não nos trouxe segurança, ainda morremos de dengue. A tecnologia prometeu sabedoria ilimitada e o máximo que fez foi nos lançar dentro de um universo de informações sem fim. A filosofia finalmente começou a fazer as perguntas corretas, só estamos mais confusos do que antes. O pós-moderno é um desiludido. Tudo aquilo que parecia impossível, nós humanos fizemos, e não foi o bastante.

Acredito que este fenômeno se repete na igreja brasileira evangélica hoje. Nunca fomos tão notados. Ainda que muitas vezes pelos motivos mais absurdos, hoje a igreja evangélica chama a atenção. Somos grandes. Somos um gigante que atrai os olhos do mercado, nossos cantores, antes limitados aos ambientes eclesiásticos, estão no Faustão. Temos mega-templos, programas de televisão, transmissão de cultos ao vivo na interntet. Somos citados nos discursos dos políticos. De vez em quando colocam nossos púlpitos em suas agendas. Somos capa de revistas populares.

Contudo tenho percebido um empuxo neste movimento. Uma desilusão. Por um momento pensamos que era isso que precisávamos fazer na história. Ir para debaixo dos holofotes e sermos admirados, atraindo assim o mundo pra dentro de nós. Quem sabe, de maneira ingênua, fomos seduzidos por um orgulho que sarou uma auto-imagem bastante ridicularizada no século XX. Saímos de um extremo e caimos no outro, na minha leitura, muito pior.

Mas a desilusão chegou. O pote de ouro não estava no fim do arco-íris. Esta igreja evangélica que está na mídia não é sinal histórico do Reino de Deus. Começamos a perceber que dirigimos numa estrada no sentido errado por muito tempo. Além dos resultados serem bastante questionáveis, tudo isto nos trouxe um peso muito grande, de manter a aparência de uma igreja moderna, “plugada”, “relevante”. Mais ou menos o preço que se paga para continuar na moda a cada estação. Estamos desiludidos e cansados.

Os livros com a temática da Missão Integral começam a ser mais vendido. Os discursos começam a ficar mais simples e o “Evangelho puro e simples” de C.S. Lewis começa a ser desejado. Ontem no lançamento do livro de René Padilla, Valdir Steuernagel mandou esta frase: “A igreja deve se posicionar na sociedade na posição do serviço e não da conquista.” Libertador.

Talvez seja otimismo da minha parte, mas prefiro crer que está chegando um tempo de desilusão na igreja evangélica brasileira. Onde discipular as pessoas no caminho de Jesus é o nosso negócio. Simples assim. E as luzes e os amplificadores da mídia não nos seduzem mais. Mas o estabelecimento do Reino de Deus no coração de todos e cada um.

fonte: Blog do Osmar Gomes

DEUS DE BATOM

Em 1945, um grupo de soldados britânicos libertou do poderio germânico um campo de concentração chamado Bergen-Belsen. Um deles, o tenente-coronel Mercin Willet Gonin, condecorado pelo exército inglês com a Ordem do Serviço Distinto, relatou em seu diário o que foi encontrado ali.

Sou incapaz de uma descrição apropriada do circo de horrores em que meus homens e eu haveríamos de passar o mês seguinte da nosa vida. O lugar é um deserto inóspito, desprotegido como um galinheiro. Há cadáveres espalhados por todo lado, alguns em pilhas enormes, às vezes isolados ou pares no mesmo local em que caíram. Levei algum tempo para me acostumar a ver homens, mulheres e crianças tombarem ao passar por eles. Sabia-se que 500 deles morreriam por dia e que outros 500 ao dia continuariam morrendo durante semanas antes que alguma coisa que estivesse ao nosso alcance fazer causasse algum impacto. De qualquer forma, não era fácil ver uma criança morrer sufocada pela difteria quando se sabia que uma traqueostomia e alguns cuidados a teriam salvado. Viam-se mulheres se afogarem no próprio vômito porque estavam fracas demais para se virar de lado, homens comendo vermes agarrados a meio pedaço de pão pelo simples fato de que precisavam comer vermes se quisessem sobreviver e, depois de algum tempo, eram incapazes de distinguir uma coisa da outra. Pilhas de cadáveres, nus e obscenos, com uma mulher fraca demais para ficar de pé se escorando neles enquanto preparava sobre uma fogueira improvisada a comida que havíamos dado a ela; homens e mulheres agachados por toda parte a céu aberto, aliviando-se. Em uma fossa de esgoto boiavam os restos de uma criança.


Pouco depois que a Cruz Vermelha britânica chegou, embora talvez sem ter nenhuma relação esse fato, chegou também uma grande quantidade de batom. Não era em absoluto o que queríamos. Clamávamos por centenas e milhares de outras coisas. Não sei quem pediu batom. Gostaria muito de descobrir quem fez isso; foi um golpe de gênio, de habilidade pura e natural. Creio que nada contribuiu mais para aqueles prisioneiros de guerra que o batom. A mulheres se deitaram na cama sem lençol e sem camisola, mas com os lábios escarlates. Podia-se vê-las perambulando por todo lado sem nada, a não ser um cobertor em cima dos ombros, mas com os lábios bem vermelhos. Vi uma mulher morta em cima da mesa de autópsia cujos dedos ainda agarravam um pedaço de batom. Enfim alguém fizera algo para torná-las humanas de novo. Eram gente, não mais um simples número tatuado no braço. Enfim, podiam se interessar pela própria aparência. O batom começou a lhes devolver a humanidade.

Porque, às vezes, a diferença entre o céu e o inferno pode ser um pouco de batom.

[Extraído do livro DEUS E SEXO, de Rob Bell, Editora Vida, 2010]

Do site edrenekivitz.com.br

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Vencendo preconceitos. Matéria sobre D. Hélder.

Para o pessoal mais mudado do mundo indico uma postagem com um ótimo texto, além de poesia e um vídeo sobre um documentário imperdível.

Não esqueçamos que a graça de Deus é livre e universal.


Acesse o link abaixo:


http://www.genizahvirtual.com/2011/04/loucura-sagrada.html#comment-form



Copie e cole na barra de endereços da internet.


Parabéns pela mudança.



...

Ed René Kivitz - TALMIDIM 104: Goîms

Elevador #SOSFAUNAELEVADOR

sábado, 9 de abril de 2011

JESUS VIRIA A ESTE CULTO?

Philip Yancey


Em cada parte do mundo a igreja tem o seu estilo de culto
     Viajar me dá a oportunidade de ver um pouco de vários tipos de igrejas. Lembro do primeiro culto ortodoxo russo de que participei. O objetivo era expressar o mistério e a majestade. Tem a duração de três a quatro horas e as pessoas possuem toda liberdade para entrar e sair na hora que quiserem. Ninguém convida os participantes a saudarem os que estão à sua volta com “a graça e a paz”, nem mesmo com um sorriso. Todos ficam em pé – não há bancos – observam os profissionais, que são mesmo, muito profissionais. Não entendi uma palavra sequer, mas depois fiquei sabendo que ninguém entendeu: os cultos russos são celebrados em eslavônico antigo, língua que apenas os sacerdotes conhecem. No Egito, participei de um culto dirigido em copta, língua que nenhum dos sacerdotes falava.


     Enquanto que nos Estados Unidos os editores lançam uma nova versão da Bíblia, mais ou menos a cada seis meses, em grande parte do mundo os fiéis não entendem uma palavra sequer do que é lido no púlpito. As igrejas dos Estados Unidos, na tentativa de atingir a sensibilidade das pessoas, chegam a programar cultos destinados a faixas etárias específicas, como as “igrejas geração X”, que se reúnem em galpões ou shopping centers vazios. Dispensam as formalidades e reduzem o culto a músicas de louvor, anúncios, e a “palavra”. Algumas inovam com teatro ou “lições objetivas” que fazem a Bíblia ganhar vida. Já vi cerca de mil jovens presos às palavras do pastor que jogava sangue sobre um “sacerdote” a caráter, que segurou uma pilha de madeira durante todo sermão para demonstrar a tarefa dos levitas.


     Sendo um dos países mais religiosos do mundo, os Estados Unidos oferecem opções para todos. Algumas igrejas armênias dirigem o culto na mesma língua e estilo que usavam há um milênio. Em uma igreja cristã reformada perto de Chicago, perguntei se poderia pregar na plataforma e não no púlpito elevado. A reação foi de choque, como se eu tivesse pedido para pregar só com as roupas de baixo. No Colorado, meu pastor caminha pela plataforma, vestindo jeans e uma camisa pólo.


     Visitei, em uma pequena vila nas Filipinas, uma igreja ao ar livre, construída com varas e sapê. Porcos e galinhas tinham toda liberdade para passar. Um casal de missionários escoceses idosos havia estabelecido dezenas de igrejas semelhantes nas montanhas remotas. Fundadas segundo o modelo da Irmandade de Plymouth, não tinham pastores – na verdade, a maioria daqueles crentes não tinha a menor idéia de que em outros lugares do mundo os cristãos contratam profissionais para dirigir o culto.


     Para mim, a Europa é o local onde o culto é mais deprimente. As catedrais magníficas atraem multidões de turistas e pouquíssimos crentes. Em Praga, cidade natal do grande reformador Jan Hus, fui a uma das poucas igrejas evangélicas, que se reúne no salão de conferências de um hotel. A igreja de Hus é atualmente um museu, raramente usado. A igreja de João Calvino ainda domina o cenário em Genebra, mas a maioria dos suíços a considera uma relíquia, não uma fonte de sustento e vida. Até em Roma os cafés atraem mais pessoas nas manhãs de domingo do que as igrejas.


     No Japão, uma congregação de 200 membros já é uma megaigreja. Conheci adultos convertidos que iam à igreja, e depois a Cristo, porque queriam exercitar o inglês ou aprender a tocar piano. À medida que a cultura ocidental abandona sua herança cristã, a asiática a adota, acumulando orquestras sinfônicas, colecionando nossa arte e, em alguns casos, abraçando nossa fé.
Uma professora, minha amiga, dá aulas na região norte de Chicago. Ela me disse que os alunos judeus e protestantes não conhecem mais os nomes bíblicos, como Sansão e Daniel. Os coreanos conhecem.


     Aprendi a ver força, e também confusão, nesses vários estilos de culto. Por exemplo, alguns missionários criticam o culto russo por ser distante e impessoal. Porém, durante o regime comunista, em que não havia lugar para Deus, a igreja ortodoxa continuou a colocar Deus no centro e sobreviveu ao ataque ateísta mais violento de toda a história.


     De toda forma, como devemos parecer estranhos para quem tenta compreender nossa fé com base em traços diversos. Todas as igrejas – da sacramental a “ao gosto do freguês” – têm sua lógica interna, e de modo misterioso, todas estão ligadas a um rabino palestino que pregava em sinagogas ou em campos.


     Minhas viagens levaram-me a algumas conclusões. Primeiro, pouca gente nas igrejas parece estar gostando do que faz ali. Segundo, o cristianismo costuma manifestar seu lado melhor quando é uma fé minoritária. Vejo mais unidade e criatividade em lugares como o Reino Unido e a Austrália, onde os cristãos têm pouca esperança de afetar a cultura e, por isso se concentram em amar uns aos outros e adorar da forma correta. Terceiro, Deus “se move” de formas misteriosas.
    
     Para visitar as igrejas florescentes da época do apóstolo Paulo, é necessário contratar um guia muçulmano ou um arqueólogo. A Europa ocidental, onde ficava o Sacro Império Romano e onde aconteceu a Reforma, é hoje um dos lugares menos religiosos da terra. Na América Latina, enquanto os católicos pregavam a “opção preferencial de Deus pelos pobres”, os pobres adotaram o pentecostalismo. Enquanto isso, o maior reavivamento numérico já acontecido na história tem lugar na China, um dos últimos Estados ateus e um dos mais opressivos. Não dá para entender.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Só os seres humanos fazem isso


Ariovaldo Ramos

Rio de Janeiro, Escola Municipal Tasso da Silveira, jovem, de 23 anos, invade escola, onde estudou, e atira nos alunos, a maioria entre 7 e 14 anos. Mata e fere muitos., até que, atingido por um policial, se suicida.
Quantos matou, quantos feriu? Se fosse apenas uma criança já seria muito, tanto que nenhum número esgotaria. Quantos seres humanos tombam de uma forma ou de outra quando um ser humano é abatido? E quantos, por isso, não terão oportunidade de existir?
Começam as perguntas sobre o porquê. Como um ser humano faz algo assim? E corre-se atrás das explicações.
Como um ser humano pode ser capaz de tal atrocidade? É a pergunta que ecoa. Como? Ouço e me pergunto: do que estamos a falar?
Só os seres humanos fazem isso com a sua própria espécie: franco-atiradores; homens-bomba; Treblinka; Auschiwitz; Guantanamo; Sistema Presidenciario Brasileiro; Carandiru; Torres Gêmeas; Revolução Cultural Chinesa; Política Stalinista; Hiroshima;  Nagasaki; Ruanda; Serra Leoa; Kosovo; Incêndio de Ônibus com passageiros ou Fuzilamento de Seres Humanos colocados dentro de um ônibus! E mais quantas guerras e atrocidades poderiam ser enumeradas? Só seres humanos fazem isso!
Só os seres humanos se sentem seguros, apenas, quando podem matar o próximo. Só os seres humanos chamam a isso de paz.
Quantas doenças ou religiões ou ismos teremos de evocar para dar sentido às barbáries humanas?
O que há por detrás de tanta barbárie? Nós: Seres humanos. Nós!
Ao chorar por essas crianças, choramos também por nós, por todos nós indistintamente. Precisamos perceber que nosso grande desafio somos nós mesmos. Perceber que há maldade em nós. Precisamos cuidar melhor de nós. Precisamos de zelo pela dignidade humana; de acesso a saúde em todos os sentidos, desde sempre: de uma escola onde um garoto estranhamente diferente possa ser ajudado enquanto é tempo.
Precisamos que todo o esforço não seja para, meramente, melhorarmos na vida,  mas, para que a vida melhore em nós.
O que me consola é saber que Deus, segundo Jesus de Nazaré, está lutando por nós, o gênero humano. Que tanto luto não mate a esperança.

Compromisso com a verdade e a realidade concreta

Posted: 06 Apr 2011 05:00 AM PDT
Ricardo Gondim
Já vivi encantado pelo otimismo. Afirmei com contundência que a sorte é bumerangue que sempre volta com fortuna. Cantei com um público frenético: “Vai dar tudo certo, em nome de Jesus”. Em minhas palestras e sermões, antecipei grandes reviravoltas na vida dos ouvintes. Mas, com o passar do tempo, percebi que apesar de toda a boa vontade, tais guinadas não aconteciam com a frequência que eu desejava. Nem tudo dava certo! Alguns amigos agonizaram, carcomidos de câncer. Outros foram à bancarrota. Quantos casamentos celebrei que terminaram em divórcio. Por que não confessar a infantilidade? Repeti jargões ufanistas sem levar às últimas consequências minhas afirmações . Pior, capitalizei em cima de ilusões.
Percebo que não estou só. Políticos e conferencistas motivacionais ladeiam líderes religiosos a repetir frases de efeito - que, na verdade, só servem para fortalecê-los. Infelizmente, as consequências são desastrosas. Mulheres azedaram na vida porque alguém lhes prometeu que Deus (ou Santo Antônio) traria marido “no tempo certo”. Empresários se desesperaram porque alguém assegurou que “o Senhor não permite que seus filhos fracassem nos negócios”. Pais e mães se perderam existencialmente porque jamais cogitaram um câncer “permitido” em uma família piedosa e obediente.
É comum ver pessoas acorrentadas a promessas que “um dia chegarão” - mas que não chegam nunca; ver pessoas debitando paradoxos e agruras nos “paradoxos” e “mistérios insondáveis da eternidade”.
Nada como o dia a dia para arrasar com os discursos triunfalistas. Crianças agonizam com diarréia nas favelas. Faltam ambulâncias nas periferias para salvar os infartados. Professores da rede pública recebem uma ninharia no perpétuo ciclo ignorância-desemprego-miséria. Quem ganha com o triunfalismo? As revistas de fofoca com seus conselhos de auto-ajuda, os televangelistas e as religiões pequeno burguesas. Nos sucessivos arroubos de vitória, as relações utilitárias com a Divindade prosseguem intocadas e os cantores gospel faturam bem.
Reconheçamos: a vida de muitos simplesmente não vai dar certo. A estrutura econômica deste país, assimétrica, não permite que multidões subam a escadaria da inclusão social. Os oligarcas não vão abrir mão de seus benefícios (basta ver a miséria do Maranhão, feudo de uma família poderosa). Muitos não vão entrar na terra prometida. Homens adoecerão sem conseguir recuperar suas empresas. Mulheres não vão sair do lugarejo que lhes asfixia. Rapazes, que sonhavam em jogar futebol na Europa, terão que se contentar com o saláro de balconista.
Não se deve desprezar a realidade em nome da uma esperança fantasiosa. Não se deve negligenciar injustiça social em nome de intervenções de Deus. Não se deve perpetuar ilusão em nome do otimismo. Sou pastor, pregador e conferencista, mas não tenho o direito de descolar meu discurso da existência concreta que as pessoas enfrentam todos os dias.
Não há outro caminho senão assumir compromisso com a verdade. E lutar dentro dela. Obrigo-me não à verdade metafísica, absolutizada dos dogmas ou da filosofia. Abraço a verdade que o cotidiano impõe e esperneio para transformá-la. Acredito que só é possível promover a liberdade quando ensinar que o engano não conduz a lugar nenhum senão a decepção. – “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!”. Para que o mundo seja minimamente transformado não há outro recurso senão embrenhar-se na vida como ela é, arregaçar as mangas e lutar.
Soli Deo Gloria.

Ainda tem gente que acredita nisso.



Um novo alerta apocalíptico chegou ao País com um aviso: O fim pode estar mais próximo do que se imagina.
Um grupo cristão dos Estados Unidos e com representantes em Belo Horizonte está rodando o Brasil para divulgar a tese de que o juízo final está marcado para 21 de maio de 2011 – e não para 2012, segundo a popular profecia feita pelos Maias.
Com propagandas até nas traseiras de ônibus, os evangélicos da Family Radio fazem malabarismo com números e datas da Bíblia para garantir que há provas de que o mundo vai acabar nos próximos meses. No Rio de Janeiro, um grupo vestido de branco circulou pelas ruas do centro com placas que alertavam para o fim do mundo.
Há semanas, ônibus regulares circulam com os enigmáticos dizeres “21/05/2011: Deus vai trazer o dia do julgamento”.
Cartazes estão espalhados em vários cidade do Brasil e do mundo. Confira nos links disponibilizados abaixo:
http://www.ebiblefellowship.com/gallery/v/brazil_billboards/
http://www.ebiblefellowship.com/gallery/main.php
http://www.ebiblefellowship.com/outreach/caravan/
A previsão bíblica foi interpretada pelo americano Harold Camping, responsável pela Family Radio, que tenta emplacar um apocalipse pela segunda vez em sua carreira de profeta. Nos anos 1990, ele publicou um livro em que dizia haver “alta probabilidade” de Cristo voltar à Terra no dia 6 de setembro de 1994 para julgar os homens. Um grupo se reuniu em uma cidade da Califórnia para esperar o evento, mas nada aconteceu.
A sede brasileira da Family Radio fica no bairro de Nova Gameleira, na capital mineira, sustentando como atividade principal a divulgação da tese do fim do mundo. Um site em português explica passo a passo a matemática feita por Camping: o juízo final começaria 7 mil anos depois do grande dilúvio, que teria acontecido em 4.990 a.C.
Criticado por cristãos americanos, o grupo já foi classificado como um “culto” e Camping foi chamado de “falso profeta“. A sede brasileira da Family Radio não respondeu aos e-mails enviados pela reportagem na manhã de hoje.


Fonte: ADIBERJ.ORG

sábado, 2 de abril de 2011

FRAQUEZA DE DEUS

José Comblin
Boa parte do ateísmo contemporâneo baseia-se na objeção enunciada com muita força no passado por J. P. Sartre e retomada pelos seus discípulos: “Se Deus existe, eu não sou nada”.
Se existe um Deus onipotente, o que ainda sobra para mim? Essa presença ao meu lado do poder absoluto torna irrisórias todas as minhas ações. Diante do infinito, todo o finito torna-se irrelevante. Há muitas maneiras de enunciar o argumento.
A objeção foi formulada desde a Idade Média, mas não conseguiu convencer. A resposta diz que Deus e o homem não se situam no mesmo plano, como duas liberdades em competição.
A resposta não convenceu porque durante séculos os teólogos debateram a questão da predestinação, isto é, da compatibilidade entre a liberdade de Deus todo-poderoso e a liberdade humana. Assim fazendo, situaram no mesmo plano as duas liberdades. Se os teólogos – tomistas, dominicanos e jesuítas – tomaram essa posição durantes séculos, não é estranho que filósofos façam a mesma coisa.
De qualquer maneira, a pessoa sente tantas vezes o conflito entre a sua vontade, o seu desejo e o que diz que é a vontade de Deus, que a reação parece inevitável. Os sartreanos sustentam que, para ser livre, é necessário negar a existência de Deus. Infelizmente para eles, Deus não depende das negações ou das afirmações de Sartre.
A verdadeira resposta está na fraqueza de Deus. O nosso Deus é um Deus “escondido” – tema constante da tradição espiritual cristã.
É um Deus que se manifesta no meio da nuvem, que se faz perceptível, mas não impõe a sua presença.
A liberdade consiste justamente nisto: diante do outro, a pessoa pára, reconhece e aceita que exista. Abre espaço, acolhe. Longe de dominar, escuta e permite que o outro fale primeiro. Assim Deus suspende o poder de Deus.
Nenhuma evidência, nenhuma ameaça, nenhum constrangimento força nem obriga. Deus permite e deixa fazer. Deus respeita o outro na sua alteridade e permite, até mesmo, que o outro se destrua sem intervir. A liberdade de Deus consiste em permitir e ajudar a liberdade do menor dos seres humanos. A liberdade de Deus reprime o poder. Torna-se fraca para que possa manifestar-se a força humana.
O hino de Filipenses 2.6-11, núcleo da cristologia paulina, expressa essa fraqueza de Deus. Pois o aniquilamento de Jesus incluía o aniquilamento do Pai: “Esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de escravo, tomando a semelhança humana. E, achado em figura de homem, humilhou-se a foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp 2.7-8).
Deus escondeu o seu poder até a ponto de as autoridades de Israel não o reconhecerem. É desta maneira que Deus se dirige às pessoas: sem intimidação, sem poder, na dependência de seres humanos, entregando a própria vida nas mãos de criminosos. Quem dirá que dessa maneira Deus faz violência às pessoas?
Como comentou Levinas, o outro é o desafio da liberdade, a provocação que a desperta. Diante do outro há duas atitudes: examiná-lo para ver em que lê me poderia ser útil ou qual é a ameaça que representa para mim, ou então, perguntar-me o que eu poderia fazer para ajudá-lo.
A liberdade de Deus autolimita-se. Diante da sua criatura, Deus limita sua presença. Deus preferiu antes deixar que crucificassem o seu Filho a intervir para impedir tal justiça. Trata-se de fraqueza voluntária.
É verdade que durante muitos séculos, sobretudo na pregação popular, os pregadores apresentaram uma concepção bem diferente de Deus. Usaram temas e comportamentos da religião popular tradicional: medo diante do trovão, medo da seca e de cataclismos naturais – entendidos como castigos divinos –, medo das doenças recebidas também como castigos e assim por diante.
Era fácil despertar o temor a partir de idéias puramente pagãs ou supersticiosas. Essa pregação de terrorismo religioso podia dar resultados imediatos, levando milhares de pessoas aos sacramentos. A longo prazo, porém, destruíram as bases da credibilidade da Igreja. Hoje a maioria das pessoas deixaram de ter medo do trovão, não sendo mais motivo para temer a Deus, como foi no passado. Naquele tempo achou-se válido o método do temor, todavia hoje recolhe-se os frutos dessa pastoral.
Pensou-se que os povos precisassem temer um Deus forte – e desprezariam um Deus fraco. Tais erros se pagam cedo ou tarde. Estamos pagando hoje esse preço.
Deus torna-se fraco porque ama. Quem mais ama é sempre mais fraco. Não será essa a grande característica das mulheres? Quase sempre amam mais, e, por isso, sofrem mais. Porém, nessa fraqueza consentida não estará a maior liberdade?
Nessa fraqueza a pessoa vence todo o egoísmo, todo o desejo de prevalecer, toda a preguiça de aceitar maiores desafios. Exige mais de si própria, vai mais longe, além das suas forças. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (João 15.13). Aí está também a expressão suprema da liberdade.
A fraqueza de Deus vai até a ponto de se tornar suplicante. O versículo predileto do saudoso teólogo latino-americano Juan Luís Segundo diz; “Eis que estou batendo na porta: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo (Apocalipse 3.20).
Deus bate na porta e aguarda. Se não é atendido, afasta-se e continua o caminho. Somente entra se é convidado. Depende do convite da pessoa. Deus torna-se pedinte, suplicante.
extraído de “Vocação para Liberdade“, publicado pela Editora Paulus.